Orgasmo, Prazer, e o Corpo Feminino

02 / 08 / 2023
Saúde e Bem-estar, Sexualidade
Por Maria Fernanda de Amorim Fortuna

Dia 31 de julho é o dia do orgasmo. Mais do que desejar que todas desfrutem sempre de orgasmos, minha missão aqui é maior. Mas antes de entrar em maiores detalhes, quero inicialmente explicar à leitora leiga: o que é orgasmo? 

O orgasmo é uma função que humanos e poucos animais apresentam. É através do orgasmo masculino que acontece a liberação do material genético do homem. Já nas mulheres, o orgasmo existe pura e simplesmente pelo prazer. 

As mulheres ovulam normalmente uma vez por mês. É uma janela biológica que dura de um a três dias em média. Se exposta ao gameta masculino é provável que haja fecundação. Mas qual a função do orgasmo? Sabemos que muitas mulheres engravidaram sem nunca ter passado pela experiência do êxtase. 

Nós mulheres temos estruturas corporais semelhantes às do homem. Temos glândulas produtoras de muco, que assim como neles, auxiliam para que a relação seja mais “deslizante”. Também temos corpos cavernosos que ficam durinhos assim como no penis, também temos glande, dentre outras semelhanças. 

Anatomicamente o corpo masculino e feminino é o mesmo, com alterações de posição e tamanho, somente. Então porque há muito mais mulheres que nunca gozaram? 

A resposta, embora curta, é complexa: socialização. Meninos cresceram aprendendo que prazer faz parte da vida, que ser garanhão é legal e que sexo é algo gostoso. Meninas, por outro lado ouviram que virgindade é virtude, que transar dói e que sexo pode acabar com a sua vida – todo mundo já ouviu comentários maldosos sobre jovens mães. 

Quando falamos de prazer, inúmeros fatores estão em jogo: nosso corpo, com o toque e a sensibilidade; nosso psicológico, com as associações positivas que são sinal verde ou negativas, que são sinal vermelho; e nossa mente, que nos faz sentir atração. 

Começando pelo físico: todo nosso corpo é orgástico. Nossa pele tem sensores por toda a parte, e explorar cada cantinho desse mar de sensações pode ajudar a experimentar novos tipos de prazer. Homens e mulheres têm sensibilidade, mas são somente elas que têm o clitóris: um órgão que existe exclusivamente para sentir prazer. São mais que o dobro de receptores do que os encontrados em homens. 

Nosso psicológico é um passo adiante nessa “estrada de tijolos amarela”. Para a sensação percebida pelo corpo ser assimilada de forma positiva na nossa mente, a ponte feita pelo elo psicológico precisa existir. É igual a quando você vai fazer carinho em um cachorrinho que sempre apanhou: ele não sabe que existe amor pois sempre sofreu maus tratos. Quem nunca viveu uma sexualidade positiva pode acreditar que sexo sempre vai ser ruim. 

A mudança do psicológico e da mente são os processos mais complexos e enriquecedores que alguém pode se propor. Ressignificar o merecimento sobre algo tão íntimo e libertador é revolucionário. Quando compreendemos, através da lógica, que as crenças que foram impostas não mais nos pertencem, o elo se forma e nossa mente “destrava” a possibilidade de se curtir e sentir prazer. 

Com o caminho aberto, nossa mente é a guia do nosso corpo: o que gostamos, como queremos e o que fazemos. Aqui é a Cidade Esmeralda. Podemos explorar os mais diversos tipos de desejo e as limitações são somente o que não quisermos fazer. 

Encontrar parcerias cujo diálogo seja franco e aberto possibilita o alinhamento de expectativas e anseios. Falar sobre algo que nunca se realizou, algo que se tem curiosidade ou até a vontade de testar algo novo deixa de ser foco de ansiedade e passa a ser um compartilhamento, um momento a mais entre o casal. 

Falando em ansiedade, viver plenamente o prazer é algo 100% ligado ao momento presente. Pensar no passado ou futuro tira totalmente o foco no que está acontecendo ali. Tenho certeza que você já se surpreendeu pensando na roupa que ficou na máquina ou no almoço de amanhã durante o ato. É muito comum isso acontecer com mulheres, pois embora tenhamos o mesmo tipo de estruturas físicas que os homens, nosso processo de erotização é bem diferente. 

Enquanto homens têm a excitação de forma muito rápida, as mulheres demoram bem mais a esquentar. O inverso acontece no pós-orgasmo. Os homens têm um longo período refratário, em que o dito cujo “morre” enquanto nós em pouco tempo estamos prontas pra outra. 

Para evitar esse descompasso, alinhar o que cada um tem a oferecer de melhor é essencial. Caprichar em preliminares. Chegar em casa, conversar sobre o dia, deixar a agenda livre já é uma preliminar. Um banho relaxante, aromas para aguçar a mente, uma massagem com um hidratante ou óleo especial já coloca nossa mente onde ela deve estar: no agora

Curtir esses momentos compartilhando uma experiência sensorial com a sua parceria além de melhorar a libido e o nível de prazer também oferece uma ligação emocional e íntima muito mais intensa. Você e seu relacionamento merecem. 

Com amor, 

Maria.

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